sexta-feira, 18 de novembro de 2016
quinta-feira, 17 de novembro de 2016
CASAMENTO LÉSBICO COMPLETA 115 ANOS.
Em 08 de junho de 1901, Marcelas
Gracia Ibeas e Elisa Sánchez Loriga se casaram na Igreja de São Jorge, na
cidade galega de La Coruña, no noroeste da Espanha. Para a ocasião, Elisa usou
o nome de Mario e vestiu um terninho masculino.
Foto de Marcela e Elisa no dia do casamento
Foto: Cedida por Narciso de Gabriel / BBCBrasil.com.
Dias antes, o mesmo padre havia
batizado o jovem Mario, que contara que era filho de pais ingleses protestantes
e queria se converter ao catolicismo.
Dada a aparente devoção do rapaz, o
sacerdote também não desconfiou quando ele disse que queria se casar com
Marcela, a mulher com quem tinha vivido nos últimos anos.
Mais de um século depois, o casamento
de Marcela e Elisa continua a inspirar livros, exposições e artigos.
Recentemente, a cidade de La Coruña
anunciou que dedicará uma rua para as duas protagonistas do casamento,
considerado um dos casos pioneiros de união homossexual.
Escândalo internacional
Mas a história de Marcela e Elisa -
"uma das mais extraordinárias histórias de amor de todos os tempos",
nas palavras do escritor galego Manuel Rivas - não começou em 08 de junho de
1901 nem terminou na Galícia, e, sim, do outro lado do Atlântico.
"Elas se conheceram em meados de
1880. Marcela era aluna da escola de magistério na cidade de La Coruña, e
Elisa, que tinha estudado anteriormente para a mesma carreira, estava
trabalhando lá. Foi lá que elas se apaixonaram", conta o escritor Narciso
Gabriel, autor do livro Marcela e Elisa, muito além dos homens,
publicado em galego em 2008 e traduzido para o castelhano em 2010.
Por mais de uma década, desde 1888,
as duas mulheres viveram juntas em diferentes regiões da província de La
Coruña. Mas, a partir do momento em que decidiram se casar, o anonimato acabou.
"Após o casamento, elas deram um
passeio e tiraram uma foto com José Sellier, um dos fotógrafos mais importantes
da cidade. E voltaram a Dumbría, cidade onde Marcela trabalhou. Já na viagem,
alguns passageiros descobriram que Mario era, na verdade, Elisa ", diz Gabriel,
que também é reitor da Faculdade de Ciências da Educação da Universidade de La
Coruña.
Ao chegar ao povoado, os moradores
perceberam o disfarce e as notícias do inusitado caso não demoraram a chegar a
La Coruña. A imprensa local deu início a uma intensa cobertura.
"O público mostrou um interesse
enorme em saber os detalhes da história, a imprensa competiu para publicar a
foto exclusiva. O caso teve uma grande repercussão não só na Galícia, mas
também em Madri e na imprensa de outros países, como França, Bélgica e
Argentina", contou Gabriel.
"A farsa só veio à tona pela
ousadia que elas tiveram em voltar para o lugar onde tinham vivido como duas
mulheres até poucos dias antes", acrescenta.
Solidariedade portuguesa
Diante do assédio da imprensa e da
perseguição da Igreja e da polícia - a Justiça havia decretado mandado de
prisão -, o casal fugiu da Espanha e se mudou para a cidade do Porto, em Portugal.
Em terras portuguesas, Elisa passou a
se chamar de Pepe. E, mais uma vez sob o disfarce de um casal heterossexual, as
duas viveram como marido e mulher por dois meses.
Em 18 de agosto de 1901, a pedido da
polícia espanhola, elas foram detidas e levadas para a prisão.
Segundo Gabriel, o caso começou a
ganhar as manchetes portuguesas e "uma cobertura tão espetacular como a
que aconteceu na Espanha". "A imprensa tomou partido da causa de
Marcela e Elisa, assim como parte da sociedade portuguesa e alguns residentes
espanhóis do Porto que saíram em defesa das duas mulheres", conta ele.
Apesar da comoção, a Espanha
solicitou a extradição do casal e Portugal aceitou.
Porém, antes de serem enviadas de
volta para a Espanha, Elisa foi inocentada, segundo o jornal O Comércio
do Porto, da acusação de adulteração de documento e Marcela da de
tentar encobrir o crime.
Antes da extradição, no entanto,
Marcela e Elisa escaparam novamente. Desta vez, rumo à Argentina, onde,
novamente, mudaram suas identidades. Em Buenos Aires, Marcela passou a se
chamar de Carmen e Elisa, de Maria.
Nova vida na Argentina
Elisa desembarcou na Argentina em
1903, dois anos após o casamento. Pouco tempo depois, chegou Marcela,
acompanhada de uma criança, sua filha, que nasceu no Porto, em 06 de janeiro de
1902.
Mas quem era essa menina que nasceu
apenas seis meses após o casamento de duas mulheres?
"Acho que a filha tem um papel
central nesta história. Creio que elas decidiram se casar por duas
razões", diz Gabriel. "A primeira explicação é apontada por Elisa
quando entrevistada pela imprensa portuguesa. De acordo com esta versão,
Marcela engravidou de uma relação que teve com um jovem local, e Elisa resolveu
assumir a criança."
"A segunda hipótese, que é a que
eu mais gosto, mas reconheço que não tenho base para sustentá-la, é que poderia
se tratar de uma gravidez premeditada. Ou seja, Elisa e Marcela não se
conformavam em se tornar marido e mulher sem ter filhos", sugere o autor.
O paradeiro desta criança se perdeu
na Argentina, lamenta Gabriel, ressaltando que a relação de Marcela e Elisa é
"cheia de sombras.”.
A vida das jovens em Buenos Aires, a
princípio, não parecia ser muito diferente da de milhares de imigrantes galegos
que viviam na cidade, muitos dos quais conseguiam emprego no serviço doméstico.
Alguns meses depois, no entanto, a
história sofreu uma nova reviravolta.
Elisa - que na Espanha se chamava
Mario, em Portugal, foi Pepe e na Argentina, Maria - se casou desta vez como
mulher com um homem de origem dinamarquesa.
"O casamento não foi feliz e
termina mal, entre outras coisas, porque Elisa se recusa a ter relações sexuais
com o marido. Havia uma diferença de idade considerável entre os dois, de mais
de 20 anos", conta Gabriel.
"Depois de ficar com a pulga
atrás da orelha, o marido descobriu que estava casado com a pessoa que havia
protagonizado na Espanha um 'casamento
sem homem', que foi manchete do
jornal La Voz de Galícia. Ele denunciou sua esposa e pediu a
anulação do casamento."
"O juiz decidiu que Elisa, então
Maria, deveria ser examinada por três médicos. A conclusão foi de que ela era
mulher e que o casamento era perfeitamente válido ", acrescenta.
O que aconteceu depois? Elisa
continuou vivendo com seu marido dinamarquês? E para onde foram Marcela e sua
filha?
O desfecho desta história é desconhecido.
As pistas das vidas das protagonistas, diz o autor galego, se perderam nesta
época.
Cem anos depois, no entanto, o
"casamento sem homem" continua causando muito espanto e admiração.
BBC Brasil 15/11/2016
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INDIGENAS BRASILEIROS PERDEM SUAS RAIZES
Pesquisador brasileiro Mutua Mehinaku, tenta preservar 181 idiomas indígenas
através de pesquisas na UFRJ.
O Brasil de 500 anos atrás tinha mais de 1.500 línguas faladas no território. Após a chegada dos europeus, elas acabaram sendo extintas gradativamente. Hoje o país conta com apenas 181 línguas indígenas. Pesquisas universitárias tentam preservar esse patrimônio linguístico e cultural.
Mutua Mehinaku, mestre em antropologia social no Museu Nacional da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e estudante do pluralismo linguístico no Alto Xingu, é descendente dos Kuikuro, um dos povos cuja língua materna corre o risco de desaparecer. De acordo com ele, 700 índios falam kuikuro, sendo que os critérios internacionais determinam que uma língua corre risco de extinção se falada por menos de mil pessoas.
"Se comparada a outras línguas indígenas, faladas por algumas dezenas de pessoas e com poucos estudos a respeito, a nossa está relativamente segura. Mas, quando se trata de um patrimônio tão importante e sensível quanto a sua cultura, é preciso se cercar de cuidados para que ele não siga ameaçado. Por isso as pesquisas na área são tão importantes", disse.
De acordo com Angel Humberto Corbera Mori, professor da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), a cada duas semanas pelo menos uma língua desaparece no mundo. No Brasil, recentemente, morreu a última falante da língua indígena xipaia, em Altamira, no Pará, e apenas dois anciões falam guató, vivendo em lugares diferentes e que não se comunicam entre si devido a distância. Para o pesquisador, a extinção dessas línguas representa também o desaparecimento de diversos conhecimentos acumulados ao longo de séculos.
No período a colonização as línguas indígenas desapareciam junto com seus povos, dizimados por doenças trazidas pelos colonizadores e pelo extermínio direto, hoje o maior risco que enfrentam é o contato direto com o idioma português.
O pesquisador, Mutua Mehinaku se dedicou, a o que seu povo chama de tetsualü – em kuikuro, qualquer mistura. Segundo ele, o princípio do tetsualü ganhou novo sentido e outra complexidade com a entrada do português nas línguas e na vida das aldeias do Alto Xingu, levando ao surgimento de neologismos em kuikuro, como o uso da palavra pagaka para se referir a "barraca", pasia para "bacia" e pisa para "pinça".
"Esses neologismos sofreram influência do português, mas são kuikuro. É a língua se reinventando e permanecendo viva", destacou.
PESQUISAS.
Em outra frente de pesquisa, cientistas trabalham no desvendamento do passado das línguas indígenas para entender como elas se formaram e, como consequência, ajudar no desenvolvimento de estratégias para sua preservação.
Giuseppe Longobardi, do Departamento de Linguística da Universidade de York, na Inglaterra, desenvolveu um método para comparar, com a ajuda de softwares, sistemas sintáticos de línguas diferentes, estabelecendo eventuais parentescos entre elas: o PCM (Parametric Comparison Method).
O método foi experimentado com uma língua guaikuru e outra karib, ambas de tradição oral, comprovando-se eficiente mesmo na ausência de registros escritos. Para compensar essa falta, os pesquisadores desenvolveram um questionário de gramática que auxilia na coleta dos dados gramaticais diretamente com os índios, muitos deles professores das línguas em suas tribos.
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