sábado, 27 de outubro de 2007

BLADE RUNNER O FILME 16 ANOS DEPOIS


BLADE RUNNER fascina a quem acredita que toda obra de arte tem sua mensagem.
E este filme tem. Num mundo futurista maquinas a imagem e semelhanças dos seres humanas são destruídas após se tornarem obsoletas. Mas um grupo destas maquinas com inteligência emocional rebelasse contra o sistema e tenta fugir do seu destino final. Ai surge à figura do “Caçador de Andróides” que tem como missão à exterminação destas maquinas.
No momento final do filme, quando o personagem “Roy Batty” vivido pelo ator Hutger Hauer numa luta de vida ou morte contra o personagem “Rick Deckard” vivido pelo ator Harrison Ford já numa situação terminal diz :
- Afinal somos todos replicantes e um dia todos nos morremos.
Foi neste momento que percebi que o filme não falava de andróides, mas sim de seres humanos.
O filme tem ação, romance, violência e acima de tudo uma mensagem. A que todos nos seres humanos também somos replicantes e seremos mais dia menos dia exterminados pelo sistema. Talvez não um extermínio físico, mas um extermínio intelectual, moral e emocional. Por que o sistema não precisa de ninguém pensando. Ele só precisa de
pessoas que concordem com ele. Muitas vezes para sobreviver ao “sistema” pernicioso, muitas pessoas concordam com ele. Sem mesmo acreditar no que ele diz vão se fazendo de surdos, cegos e mudos. Não escuto porque sou surdo não enxergo porque sou cego e não falo porque sou mudo e ai o “sistema” te aplaude e te recompensa com um punhado de moedas de ouro.
Concorde com a injustiça contra uma pessoa e você será a próxima vitima desta mesma injustiça. Você pode ate se achar a pessoa mais importante do sistema, pois e assim que ele precisa de você. Ate que um dia você também será exterminada do sistema, pois estará obsoleta e sem utilidade para ele.
Eu prefiro dizer a verdade sobre o que vejo, sobre o que escuto, pois assim estarei sempre atual e mais humano na essência do significado desta palavra.

NOTA: A trilha sonora de “BLADE RUNNER’ tem musicas magníficas compostas e executas por Vangalis”.

evaristomesquita@terra.com.br / Ejomes2007

terça-feira, 23 de outubro de 2007

BOMBEIRO POR UM DIA

Em 1998 fui a serviço de uma empresa a sede do Corpo de Bombeiros da cidade de São Paulo, na praça Clovis Bevilac. Lá existe uma loja que vende suvenir da corporação são toalhas, bonés, broches e camisas com o distintivo da corporação fundada em São Paulo em 1880. Comprei então uma camisa pólo vermelha com este distintivo. Entre usar a camisa vermelha da Ferrari prefiro usar a do Corpo de Bombeiros. Guardei a camisa no armário e ate esqueci dela durante um bom tempo.
Ate que num sábado pela manhã já atrasado para uma reunião com pessoal do escritório percebi que não tinha nenhuma camisa passada e a única que estava disponível era a camisa vermelha.
Não perdendo tempo vesti a camisa compondo o visual com uma calça jeans e tênis.
Peguei o metro fui ate o centro, participei da reunião e na volta lá pelas duas da tarde entrei no metro na estação São Bento. O trem estava cheio e fiquei próximo a primeira porta do carro. Tudo corria bem. Íamos passando pelas estações em direção ao Jabaquara ate que na Estação Sta Cruz aconteceu. Na ultima porta do carro em que eu estava entrou um homem, alto, forte, trazia nos braços uma criança, toda enfaixada. Os dois braços uma perna e tinha uma atadura na cabeça. As portas do trem mal fecham para seguir viagem e este cidadão vem em minha direção, já com cara de chorão começa a falar.
- Deus abençoe vocês do Corpo de Bombeiros, foi um bombeiro que salvou meu filho.
A esta altura eu que tinha passado todo tempo praticamente despercebido passei a ser observado de maneira fixa por todas as pessoas presentes.
O homem então continuou.
- Estes bravos bombeiros, que são capazes de morrer para salvar uma vida merecem uma salva de palmas de todos nos.
Neste instante todas as pessoas começaram a aplaudir o suposto bombeiro, que era eu. Este cidadão já ao meu lado me abraça fortemente chorando e continuava com seu discurso.
- Você e um herói meu amigo, seus amigos bombeiros assim como você tem um lugar cativo no céu. Nunca vou esquecer de vocês. Muito obrigado.
A esta altura o trem era um tumulto só, pessoas se levantando dos bancos e vindo em minha direção me cumprimentando e eu ali sem saber o que fazer. Imaginem se digo aquele povo todo que não era um bombeiro. Que frustração seria para eles. Logo imaginei, que como não havia dito nada não poderia ser acusado de falsidade. Eram as pessoas que diziam que eu era um bombeiro. Eram jovens, crianças, velhos, gente de todo tipo falando comigo. Uma velhinha disse:
-Alguém tem uma câmera? Quero tirar uma foto com ele.
Graças a Deus ninguém tinha uma câmera. Logo o trem chega ao Jabaquara. Eu apavorado. Imaginem aparecer um bombeiro de verdade ou um Policial Militar, era cana na certa. Sai em disparada dali já ouvindo comentários do tipo.
- Será que este cara e mesmo bombeiro?
Nunca mais vesti a gloriosa camisa do Corpo de Bombeiros, esta guardada num lugar de honra dentro do armário.



Evaristo J Mesquita/Ejomes2005

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

ONIPOTENCIA HUMANA

Por acreditar que sempre estamos agindo do modo correto ficamos a espera de sermos recompensando pelas nossas atitudes. Trabalhamos superestimando as coisas que na verdade nem tem o valor imaginado.
Mas como e bom viver e aprender com as situações adversas. Por mais de 50 meses me dediquei a um projeto. Vivia integralmente imaginando o momento em que seria recompensado pela dedicação a tal projeto. Mas num telefonema de 50 segundos fui desligado do projeto.
A principio tentei culpar outras pessoas, pelo fato ocorrido. Mas horas depois passei a imaginar que se meu desejo de sucesso tivesse sido realizado do modo como eu imaginei eu teria me tornado onipotente. E as pessoas envolvidas não teriam o livre arbítrio da escolha.
Fiquei imaginado que o certo ou errado não nos pertencem de maneira única, temos que dividir isto com outras pessoas. E muitas vezes nesta divisão ficamos com a menor parte exatamente aquela que não nos interessa. O mais interessante e que nem uma das pessoas envolvidas neste processo tem o verdadeiro controle da situação. Muitas atitudes tomadas podem revelar um sucesso momentâneo ou um fracasso absurdo no futuro ou vice-versa.
O que vale e nossa importância pessoal e não a importância coletiva. Pois no dia em que um grupo de pessoas importantes se reunirem algo realmente grandioso acontecerá.

Ejomes/2007.